O aplicativo que detecta o grau de maturação da banana e pode minimizar perdas após colheita
Sistema mobile de predição do grau de maturação de bananas prata catarina 🍌 Acessível, barata e gostosa, a banana é uma das frutas mais populares do Br...

Sistema mobile de predição do grau de maturação de bananas prata catarina 🍌 Acessível, barata e gostosa, a banana é uma das frutas mais populares do Brasil, o 4° maior produtor mundial do alimento. Presente na mesa de muitos cearenses, tudo dela se aproveita: a casca pode ir bem em receitas veganas e a polpa, quando já muito madura, dá sabor a panquecas e bolinhos. ✅ Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp Não dá para dispensar comê-la fresco, claro. Afinal, ela vem embalada, é fácil de carregar na lancheira e rica em nutrientes. Mas você já reparou que a banana apodrece bem rápido? A rápida degradação em função do amadurecimento pode causar problemas de estoque, o que significa uma dor de cabeça imensa para quem está na outra ponta da mesa: os agricultores. LEIA TAMBÉM: Tarifaço de Trump: Governo do Ceará decreta situação de emergência Ministro da Saúde fala sobre aumentos abusivos dos preços de planos de saúde ➡️ Entenda: as bananas apodrecem rápido devido à liberação de uma substância chamada etileno, produzida pela própria fruta. Instigados pelo problema, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) uniram agricultura e tecnologia e criaram um aplicativo que detecta o grau de maturação da banana e pode até minimizar perdas pós- colheitas. Este é o “BananaRipe”, que usa uma Inteligência Artificial (I.A) para classificar o grau de maturação de bananas colhidas e é capaz de permitir previsibilidade a produtores e comerciantes sobre possíveis perdas em seus estoques. Na imagem, veja diferentes classificações do grau de maturação das bananas. Reprodução 🤳🏽 E tudo é simples: o agricultor baixa o app em seu smartphone e “fotografa” o produto (entenda abaixo com mais detalhes). Emannuel Diego de Freitas, doutorando na UFC e um dos autores do projeto, conta que a ideia surgiu conversando com agricultores da região de Iguatu, onde ele leciona pelo IFCE: "Nosso campus já foi, no passado, uma escola agrotécnica e possui, portanto, aptidão para resolução de problemas do setor agrícola. Em Iguatu também há uma extensa produção de bananas que atende ao mercado local e das cidades vizinhas. Um dos produtores de banana da nossa cidade já conversava conosco sobre automação de etapas do seu processo, como a irrigação, e sugerimos também o uso de visão computacional aplicada ao setor agrícola, que é a tecnologia pesquisada no meu doutorado". App usa câmera de smartphone para classificar as bananas BananaRipe: professor explica como aplicativo une tecnologia e agricultura Sob a orientação do professor Danielo Gomes, Cientista Chefe da Transformação Digital no ÍRIS Lab (Laboratório de Inovação e Dados do Governo do Ceará), os pesquisadores Emmanuel Diego, José Neves e publicaram um artigo na revista "Engenharia Agrícola" sobre o aplicativo. 🍌 Eles explicam como o BananaRipe funciona: Como não há necessidade de conexão com a internet, basta o agricultor ter um smartphone para instalar o app. Com o programa 'baixado', o trabalhador aponta a câmera para 'fotografar' as bananas. O app, então, faz a classificação daquele produto em sete níveis: completamente verde, verde com traços amarelos, mais verde que amarelo, mais amarelo que verde, amarelo com pontas verdes, completamente amarelo, amarelo com pintas marrons e amarelo com casca muito marrom. Essa classificação dada em tempo real, por meio de um smartphone, permite que produtores e comerciantes tenham condições de monitorar a evolução da maturação em seus estoques. Isso permite uma análise estratégica, já que é possível estimar quanto tempo a fruta tem até atingir um nível de amadurecimento não interessante ao consumidor. Com o app, também é possível saber se a fruta está muito verde para ser passada ao comerciante. Aplicativo detecta grau de maturação da banana, no CE. Reprodução "Como essas informações, pode-se assumir preços promocionais, permitindo venda rápida antes das perdas ou evitar vendas de frutas muito verdes, que também trazem problemas aos estoques em razão do tempo prolongado na prateleira", complementou Emannuel. O aplicativo ainda não está disponível de maneira comercial, mas já passou por vários testes e apresenta 95,96% de precisão na classificação. A escolha pela banana, como dito acima, é pela sua popularidade no cardápio dos brasileiros, mas a ideia é expandir para outras frutas, como manga e melão. "É um trabalho sobre a grande árvore que a gente chama de fruticultura de precisão. Guardadas as proporções, poderia ser qualquer outro fruto: melão, goiaba, uva, pitaya. A gente atacou a banana por essa particularidade", explicou o professor Danielo ao g1. “BananaRipe” e o tarifaço dos EUA O Ceará é a "porta de saída" de 50% das frutas brasileiras, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). A exportação via porto do Pecém é a que mais leva as frutas para fora do país. Com o tarifaço imposto por Donald Trump, as frutas brasileiras sofrem risco de estragar ou de serem comercializadas abaixo do preço de mercado, a exemplo das mangas e uvas. Quando publicaram o artigo em maio deste ano, os pesquisadores cearenses não pautaram o tarifaço dos Estados Unidos, mas esperam que o projeto possa ajudar de alguma maneira: "Muitas frutas que deixariam de ser importadas pelos norte-americanos passariam a ser vendidas no mercado interno do Brasil, aumentando os estoques nacionais. Ter ferramentas para monitorar o estoque de bananas (ou outras frutas) colhidas, que amadurecem rapidamente, é estratégico na redução de prejuízos enquanto ajudam a prever pontos de perdas. Acreditamos que nosso aplicativo pode ajudar produtores e comerciantes a reduzir os possíveis impactos financeiros do tarifaço, dando a eles a oportunidade de agirem preventivamente pelo conhecimento do momento em que não seria mais possível comercializar a fruta", pontuou Emannuel Diego. Ainda conforme a Abrafrutas, melões, melancias e bananas são consideradas as principais frutas exportadas do Ceará para o mundo. 🍉 Uma pesquisa publicada em abril deste ano no site da associação aponta que: Somente em 2024, saíram da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, mais de 160 mil toneladas de frutas, representando cerca de R$ 1 bilhão em mercadorias. O estado é o quarto do Nordeste que mais exporta frutas no país, ficando atrás do Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. Dados deste ano apontam que o Ceará já exportou cerca de 30 mil toneladas. "Independentemente de tarifaço ou não, eu entendo que é uma ferramenta muito interessante. Recentemente, o governador Elmano de Freitas fez um pronunciamento com respeito aos incentivos aqui no Ceará (após o tarifaço). Me ocorre diretamente que o aplicativo poderia ser interessante para o programa Ceará Sem Fome, de modo que esse incentivo aos alimentos produzidos aqui no Ceará, retornando para políticas públicas do próprio Estado, pode ser uma alternativa interessante. E o aplicativo vai nessa esteira", complementou o professor Danielo. Além da importância para a ciência e economia, os cearenses destacam que o app fortalece a educação no Brasil, especialmente por proporcionar uma integração entre o setor produtivo e a academia. Para Emannuel, o projeto reforça o papel transformador da ciência e da educação na solução de desafios reais da nossa sociedade. "Espero que esta iniciativa inspire novos projetos que unam tecnologia, pesquisa e ensino com propósito e impacto socioeconômico". Assista aos vídeos mais vistos do Ceará: